Feliciano manda prender gays após beijo
O deputado e pastor Marco Feliciano (PSG-SP) mandou prender duas estudantes anteontem após elas terem se beijado durante culto evangélico ministrado pelo parlamentar na avenida da praia de São Sebastião, no litoral paulista. "Essas duas precisam sair daqui algemadas", disse Feliciano, sob aplausos dos evangélicos, que assistiram à guarda civil local realizar as prisões.
Joana Palhares, de 18 anos, e Yunka Mihura, de 20, foram detidas, algemadas por agentes da guarda e levadas à delegacia. Joana disse ter sido agredida. O beijo, segundo elas, que se dizem namoradas, era uma forma de protesto contra a homofobia.
Depois que elas foram levadas pela polícia, o deputado, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, comparou as estudantes a um "cachorrinho". "Ignorem, ignorem. Cachorrinho que está latindo é assim, você ignorou, ele para de latir", disse aos fiéis.
Na delegacia, Joana passou por exame de corpo delito. Ela tinha hematomas nos braços e pernas. O advogado das estudantes, Daniel Galani, disse que vai formalizar denúncia contra Feliciano. "Foi uma afronta gravíssima aos direitos humanos e ao direito à livre expressão." As estudantes fizeram boletim de ocorrência contra os guardas. Elas não foram indiciadas por desrespeito ao culto religioso, como queriam os guardas.
A Prefeitura de São Sebastião informou, por meio de nota, que a guarda agiu com base o artigo 208 do Código Penal. A lei prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa ao cidadão que zombar de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa e impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso. A prefeitura disse que vai apurar se houve abusos por parte da corporação.
Ontem, no Twitter, Feliciano disse que as estudantes estão se fazendo de vítimas. "Indivíduos invadem o culto, desrespeitam crianças, idosos, agridem as autoridades, chutam os policiais, e por fim dizem ser vítimas?" E completou: "Ou são loucos e necessitam de tratamento mental urgente, ou são baderneiros que querem 5 minutos de fama ou querem briga".
Ele também postou mensagens em que transcreve o artigo do Código Penal sobre o desrespeito aos cultos religiosos.
Avaliação
Segundo o conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB/SP) Roberto Del Manto, o que mais chama a atenção no episódio é a ação da guarda. "Não há sentido a prisão, ainda mais sendo um lugar público como uma avenida de praia", afirmou o advogado, segundo quem as garotas poderão abrir uma ação por danos morais contra Feüciano enquanto pastor. Segundo a advogada Adriana Galvão, presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB/SP, o deputado não tem nenhum embasamento legal para pedir a prisão em uma avenida. "Mesmo que ele represente o Legislativo, ele estava num espaço público", disse.
31 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.
Não concordo com a atitude das garotas, naquele momento. Foi desnecessária, não era o momento adequado pra fazer o protesto e mesmo que o fosse a prisão foi um abuso por parte de Feliciano e da guarda que acatou o pedido. Deve haver respeito aos direitos de ambas as partes. continuar lendo
mas se a via é pública, é sim lugar oportuno para protesto. continuar lendo
amigo, apesar do ocorrido ter sido em um espaço público, onde elas estavam ocorria um culto religioso, e culto não é local de protesto. Eles se sentiram violados em seu direito de liberdade de crença, porque não aceitam a homossexualidade em seu meio. Se por ex. alguns evangelicos invadissem uma festa GLS, eles também se sentiriam violados no direito de expressar sua sexualidade, não acha? continuar lendo
O problema aqui não é abuso, não é ser ou não ser gay, não é perturbação da paz. O problema é que esse "pessoa" não deveria ser de forma alguma um representante do povo e eu faço parte do povo. continuar lendo
Alguém leu que o culto religioso estava sendo realizado na ~~~~~~~~~~~~~~~~ praia ~~~~~~~~~~~~~~ ? continuar lendo
Sim, por isso falei "espaço público", e pelo que entendi da matéria publicada, as garotas estavam junto ao aglomerado religiosos. continuar lendo
Assim, eu acredito que as garotas queriam mesmo era contrariar as pessoas presentes no culto, principalmente Feliciano, e não legitimamente protestar. Elas podem beijar-se as aonde bem entenderem, mas saibam que até mesmo os casais heterossexuais não ficam se beijando em celebrações religiosas. E mais vez, concordo que a atitude de Feliciano como sempre não foi das mais dignas. A prisão foi um grande excesso. continuar lendo
Não tem o que comentar em um ato de barbaridade como esse. O pior é que ele continua como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. continuar lendo
Como esse cara pode ser Presidente da Câmara de Direitos Humanos? continuar lendo
O respeito é fundamental para o sucesso de todas as relações interpessoais e principalmente para os relacionamentos em âmbito familiar. Infelizmente, existem atualmente muitos lares e casamentos desestruturados devido a insensibilidades de indivíduos que só sabem olhar para seus próprios umbigos. Respeitar é olhar atenciosamente para o outro e lhe prestar devida assistência. continuar lendo