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18 de Abril de 2024
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    Militar acusa coronel de executar militantes

    Publicado por OAB - Rio de Janeiro
    há 11 anos

    O soldado do Exército Valdemar Martins de Oliveira denunciou ontem o coronel Freddie Perdigão Pereira, morto em 1997, como autor dos disparos que mataram o casal de estudantes Catarina Helena e João Antônio Abi-Eçab, em 1968, no Rio de Janeiro. Comandante do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), Perdigão foi um dos nomes mais importantes do aparelho de repressão da ditadura. Oliveira contou, em depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo, que foi recrutado pelo próprio Perdigão em 1968, quando ingressou no 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio.

    "Eu vi. Estou dizendo que eu vi: ele (Perdigão) se abaixou, quase de joelhos, e atirou na cabeça dos dois" , disse Valdemar, que afirmou lembrar-se até da arma usada por Perdigão: "Um Colt 45".

    O militar contou à comissão que Catarina e João Antônio, que integravam a Ação Libertadora Nacional (ALN), foram capturados pelo grupo de Perdigão e levados, em carros diferentes, para uma espécie de chácara em São João de Meriti, onde havia uma estrutura improvisada para servir de pau de arara. Catarina foi a primeira a chegar e foi bastante torturada. Depois, chegou João Antônio, já espancado pelos militares.

    "Eles (o casal) já não tinham forças. No pau de arara, a moça já não reagia. Foram colocados no chão. Perdigão disse" Esses dois não servem mais para nada "e atirou na cabeça deles", descreveu Oliveira.

    A versão oficial dava conta de que Catarina e João Antônio teriam morrido em acidente, ao bater contra um caminhão, na BR-101, dentro de um carro cheio de explosivos e até uma metralhadora. Em 2000, Oliveira denunciou a montagem do acidente à Rede Globo, mas não informou quem eram os autores do crime.

    "Enquanto eu dava a entrevista, meu filho me disse ao telefone que havia dois"amigos"meus do Exército dentro da minha casa. Fui ameaçado", contou ontem.

    Oliveira disse que naquele grupo também estava Guilherme do Rosário, o sargento que morreu com uma bomba no colo, no interior de um carro, na tentativa de atentado durante um show no Riocentro em 1981.

    "Perdigão e Guilherme tinham uma relação muito antiga. Ninguém vai pegar um automóvel, por conta própria, e falar: vou explodir isso aqui. Quem disse que eles não queriam explodir os dois (Rosário e o capitão Wilson Machado, que também estava no carro e foi ferido) para limpar? Dispositivo de disparo à distância já existia havia muito tempo".

    Oliveira conta que Rosário foi recrutado no mesmo batalhão de paraquedistas, antes dele, e que os dois, sob ordens de Perdigão, fizeram cursos de espionagem e técnicas de interrogatório, inclusive com tortura".

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