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    Prefeito de Teresópolis resiste a deixar cargo

    Publicado por OAB - Rio de Janeiro
    há 13 anos

    do jornal O Globo

    04/07/2011 - Um dia depois de ser afastado pela Câmara dos Vereadores do município por 90 dias, o prefeito de Teresópolis, Jorge Mario Sedlacek, resiste a deixar o cargo e ontem despachou normalmente em seu gabinete. No fim da tarde, anunciou ter entrado com um mandado de segurança na 3ª Vara Cível do município para tentar anular a decisão do Legislativo, tomada por unanimidade entre os 12 vereadores. A Justiça deverá decidir ainda hoje o destino do prefeito, envolvido em irregularidades na aplicação de R$7 milhões destinados pelo Ministério da Integração Nacional às vítimas da tragédia que deixou um rastro de destruição na cidade em janeiro.

    A reação de Jorge Mario era esperada pelos vereadores e pelo vice-prefeito, Roberto Pinto (PR), que assumirá o Executivo caso a decisão da Câmara seja mantida. O vereador Dr. Carlão (PMDB) disse confiar na Justiça, mas afirmou que, se o mandado de segurança for concedido, o Judiciário estará interferindo na atuação do Legislativo:

    - Se o prefeito conseguir (o mandado de segurança), derrubaremos em Brasília. A presença dele no cargo prejudica o trabalho da comissão processante, que vai investigá-lo.

    Médico ginecologista, e sem ter exercido nenhum cargo público antes, Jorge Mario tem 52 anos e assumiu a prefeitura em 2009, com a promessa de mudar a conturbada política local. Seu principal adversário foi Mario Tricano, que já havia exercido o cargo por três vezes e chegou a ser preso por contravenção, sonegação fiscal e enriquecimento ilícito em 1994.

    O que era para ser uma luz no fim do túnel foi, aos poucos, ganhando ares de decepção. Logo após Jorge Mario ter assumido o cargo, começaram as especulações sobre mudanças em seu padrão de vida. De um apartamento modesto de classe média, o médico mudou-se para um condomínio de luxo. O cargo o teria tornado até mais bonito: após um período de afastamento, o prefeito apareceu com um visual remoçado, que seria fruto de cirurgias plásticas.

    Jorge Mario comprou por R$250 mil, em 2010, um apartamento de 256 metros quadrados num condomínio onde imóveis, com a mesma metragem, estão à venda por, no mínimo, R$850 mil. Imobiliárias da região, procuradas pelo GLOBO informam que unidades iguais chegam a custar R$1,5 milhão e que, no fim do ano passado, não eram vendidas por menos de R$700 mil. Mas, segundo o 3º Serviço de Registro de Imóveis de Teresópolis, o prefeito pagou pelo imóvel R$50 mil no ato da compra e financiou R$200 mil junto à Caixa Econômica.

    Quando se candidatou, em 2008, o prefeito informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir R$128.700 em bens.

    Ele argumentou, por meio de sua assessoria de imprensa, que trabalhava como médico e mantinha um consultório até assumir o cargo e sempre teve renda compatível com seu patrimônio. Sustenta que o imóvel foi adquirido na fase de construção, sem acabamento, garantindo preço mais acessível. Sobre o afastamento, Jorge Mario sustenta em nota que a Câmara não tem autonomia para afastá-lo, antes de concluir a investigação.

    Antes da candidatura, o médico já havia tentado ser deputado estadual, em 2006, pelo PSB, mas ficou como suplente. Nas eleições para a prefeitura, já era filiado ao PT. No início de julho, ele foi expulso do partido. O atual subsecretário estadual de Direitos Humanos, Antônio Carlos Biscaia, foi citado no texto enviado pela assessoria de Jorge Mario como um dos dirigentes do PT que o apoiaram.

    - O outro candidato (Mário Tricano) era ligado ao crime organizado. Claro que minha posição tinha que ser de apoio ao Sedlacek. Mas o afastamento dele tem que ser definitivo. Também defendo que responda criminalmente - afirmou Biscaia.

    A situação de Jorge Mário no PT começou a se complicar em abril, quando O GLOBO revelou que o Ministério Público Federal investigava suspeitas de desvios de recursos emergenciais para municípios da Serra.

    Em Nova Friburgo, onde a prefeitura também está sob suspeitas, os vereadores tomaram ontem os primeiros depoimentos da CPI que investiga os contratos firmados depois da tragédia. Segundo os vereadores, o prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto (PMDB) não enviou informações sobre os repasses da União. Em Maricá, o pedido de cassação do prefeito Washington Luiz Siqueira, o Quaquá (PT), protocolado segunda-feira na Câmara, saiu da pauta de votação até 17 de agosto.

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